Origem, utilizações, ameaças

A água é fonte de vida, razão da existência de plantas, animais e do Homem na face da Terra. Sem ela nosso planeta seria deserto, como Marte, Vênus; como a Lua, por exemplo.

Mas de onde ela vem? A água não é algo que se cria. Existe em volume semelhante desde a formação da Terra, o que teria acontecido há 4,5 bilhões de anos. Apenas passa por constantes modificações, no que se chama Ciclo da Água.

A ação do sol dá partida a este ciclo, aquecendo a água dos mares, lagos, rios, causando evaporação. O vapor sobe para a atmosfera, levado pelos ventos, encontra temperaturas mais baixas que unem as partículas de água, formando as nuvens.

Quando estão muito pesadas, ou encontram uma barreira (como uma montanha, por exemplo), há a precipitação, que pode ser chuva ou neve. É o caminho da água, saindo e voltando à Terra.

Água no planeta
Nosso planeta tem muita água: 71% de sua superfície é coberta por água. Um número animador, não? Só aparentemente, pois 97% de toda água da Terra é salgada, encontra-se em mares e oceanos. A água doce está em grande parte nas geleiras e calotas polares (77%), enquanto o subsolo armazena (em lençóis freáticos) 22%. Apenas 2% da água doce é encontrada em rios e lagos.

O Brasil possui 8% das reservas de água doce do mundo e desse total 80% encontra-se na Região Amazônica enquanto os 20% restantes distribuem-se, de forma desigual, nas demais regiões do país. A Região Sul - formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, dispõe de 6,5% da água doce do país.

Água em Blumenau
A água doce é utilizada para inúmeros fins. Um deles é o consumo humano. Mas, como na Natureza a água geralmente é infectada por bactérias ou micróbios, que têm origem com a decomposição de matérias orgânicas (folhas de árvores, por exemplo) e, principalmente, pela poluição provocada pelo próprio homem, é preciso que a água passe por um processo de purificação. Isto é feito nas Estações de Tratamento de Água (ETAs).

Em Blumenau, o Samae atende 98% dos habitantes de Blumenau. A água bruta é captada em dois pontos do Rio Itajaí-Açu - próximo à Ponte de Ferro, para abastecer a ETA I (Rua Lages) e na Usina do Salto para a ETA II (Rua Bahia); no Ribeirão Garcia, para a ETA III(Rua Santa Maria, Progresso) e no Ribeirão Itoupava Rega, para a ETA IV (Vila Itoupava). Nessas estações são tratados pouco mais de 70 milhões de litros por dia, em média, que daí vão para grandes reservatórios e distribuídos, então, para os domicílios por uma rede de tubos que alcança 1 mil e 380 quilômetros.

O quadro abaixo mostra a capacidade de adução das ETAS do SAMAE:

Capacidade de Adução Água Brutas ETAs
ETAs  Vazão Nominal    Vazão Produzida
   m³/mês  m³/dia  m³/dia
ETAI  77.760,00  2.592,00  1.296,00
ETAII  2.177.280,00  72.576,00  55.296,00
ETAIII  864.000,00  28.800,00  17.496,00
ETAIV  12.960,00  432,00  648,00
TOTAL  3.132.000,00  104.400,00  74.736,00
Água potável
Purificar a água é um processo caro, que inicia com a adição de sulfato de alumínio quando a água bruta entra na estação de tratamento. Esta substância química faz com que as impurezas contidas na água se unam, o que é chamado de coagulação.

Esta água segue por uma calha e entra no floculador, onde é agitada lentamente para que as partículas aumentem, formando flocos. A etapa seguinte é a decantação, em grandes tanques, onde os flocos, por serem mais pesados do que a água, afundam, ficando ali depositados.

A água continua seu caminho nesse processo de limpeza. Já melhorou bastante desde que chegou à estação. Mas ainda há algumas impurezas e, por isso, passará por um filtro com carvão mineral, camadas de areia e outras de seixos, com granulações diversas. Pronto, a água está limpa. Mas o trabalho ainda não concluiu, falta a desinfecção. É o momento de adicionar Hipoclorito de Sódio (cloro), cloro gasoso ou Dióxido de Cloro, produtos que têm a função de manter a água livre de bactérias e microorganismos até sair pela torneira na casa do consumidor. A água recebe ainda Fluossilicato de Sódio ou Ácido Fluossilícico (o flúor, que ajudará a proteger os dentes das cáries) e Cal Hidratada ou barrilha, que tem a função de corrigir a acidez (pH) da água.

Agora sim, a água pode ser bebida ou usada para cozer alimentos sem risco de se contrair uma das chamadas doenças de veiculação hídricas, como hepatite, poliomielite, febre tifóide, gastroenterite, esquistossomose e cólera, entre outras.

Usos da água
Uso bem maior de água, no entanto, é feito pela agricultura. A irrigação das plantações e a criação dos animais consomem 70% da água potável. Na indústria, a água é empregada para gerar vapor, limpar e resfriar equipamentos e como matéria-prima. Outros empregos da água são para a geração de energia, o transporte e lazer. Sem pensar no futuro, o homem despeja lixo nas margens de rios e ribeirões; as águas da chuva terminam carregando para os cursos d'água os pesticidas aplicados nas lavouras.

Nas cidades, o lixo abandonado na rua, em terrenos baldios, termina sendo arrastado pelas águas de chuvas torrenciais (enxurradas), entupindo tubulações e poluindo ribeirões. Sem contar, claro, com os despejos dos esgotos domésticos. Este tipo de poluição é evitada com a instalação de redes coletoras e Estação de Tratamento de Esgotos (ETE).

Indústrias igualmente contribuem para poluir rios, ribeirões, mares. Por não valorizar a água, utilizam e a despejam de volta com muitos resíduos poluentes.

Felizmente, isso vem mudando e há empresas que já se preocupam em limpar seus efluentes em estações de tratamento, reaproveitando a água ou lançando-a nos ribeirões, livre de poluentes.

Ameaças à água
O Homem, de modo geral, ainda não se conscientizou da importância em preservar as fontes de água. Uma preocupação tão antiga quanto o Império Romano. Naquela época havia uma lei que obrigava o povo a cuidar bem das nascentes e dos canais, condenando severamente os que colocassem em risco as reservas de água ou desviassem seus cursos.

De lá para cá o mundo cresceu muito e também as fontes poluidoras. Há 2000 anos a população era apenas 3% do que é hoje; a partir de 1950 o consumo mundial triplicou e o consumo médio por habitante foi ampliado em 50%, mas a água disponível é a mesma. Apesar disso, o Homem continua praticando atos que contribuem para reduzir o volume e a qualidade de água no planeta, como os desmatamentos - especialmente da chamada mata ciliar, aquela que protege margens de rios e ribeirões. O corte da vegetação provoca o desbarrancamento das margens, que é um processo de erosão.

A terra e areia deslocadas vão parar no leito do rio, o que se chama de assoreamento, diminuindo sua profundidade, prejudicando o equilíbrio natural da vida ao seu redor.

É preciso preservar
A água é um bem natural que pertence a todos nós. É um bem que não pode faltar, pois significa vida e, quando limpa, livre de poluição, é saúde. A água é importante para o desenvolvimento do país e é um bem que não se renova. É escasso para a maioria da população e, se as fontes, os mananciais, não forem preservados, corremos o risco de ver a água acabar.

Sujar rios, lagoas e nascentes, assim como fazer desmatamentos, barragens ou furar poços em lugares não autorizados, são atitudes que comprometem a qualidade da água.
A água é um produto nobre, especialmente quando tratada, e por isso deve ser usada de forma racional.
Imagem e conteúdo da Cartilha Ambiental
Produzida pela Divisão de Comunicação Social do Samae
Texto: Celso Rosa
Bibliografia: “Água e Saúde”, “A Desinfecção da Água”, publicações da Organização Mundial da Saúde, “Água, Meio Ambiente e Vida”, Ministério do Meio Ambiente
Ilustração: Telomar Florêncio

Declaração Universal dos Direitos da Água
A “Declaração Universal dos Direitos da Água” foi redigida pela ONU em 22 de março de 1992. O texto merece profunda reflexão por todos os amigos e defensores do Planeta Terra, em todos os dias.

1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.
2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas)
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